quinta-feira, 30 de junho de 2011

Uma última reflexão


Já no fim do livro Bilhões & Bilhões, Sagan nos lembra da importância de cuidar do meio ambiente e refrear os danos que temos causado à natureza. Fomos acostumados historicamente a submeter os animais e "domar" o ambiente, e deixamos de perceber que também somos parte dele. Precisamos dele e dele dependemos.

"Desde a época da domesticaçao do fogo e da elaboração das ferramentas de pedra era obvio que nossas habilidades poderiam ser usadas tanto para o bem como para o mal. Mas foi só recentemente que começamos a compreender que até o uso benigno de nossa inteligência e nossas ferramentas poderia nos colocar numa situação de risco.
Hoje estamos em toda parte sobre a Terra. Temos bases na Antartida. Visitamos o fundo dos oceanos. Doze humanos até caminharam sobre a Lua. Há atualmente quase 6 bilhões de humanos e nossos números crescem o equivalente à população da China a cada era. Submetemos os outros animais e as plantas (embora nosso sucesso não tenha sido tão grande com os micróbios). Domesticamos 150 muitos organismos, forçando-os a nos servir. Nós nos tornamos, segundo alguns padrões, a espécie dominante na Terra.
E, quase a cada passo, temos enfatizado o local em detrimento do global o curto prazo em detrimento do longo prazo. Temos destruído as florestas provocado a erosão da camada superior do solo. mudado a composição da atmosfera, diminuído a camada protetora de ozônio. alterado o clima, envenenado o ar e as águas e causado grande sofrimento aos mais pobres com a deterioração do meio ambiente.
Nós nos tornamos predadores da biosfera - arrogando-nos direitos, sempre tirando e nunca repondo nada. E assim somos agora um perigo para nós mesmos e para os outros seres com os quais partilhamos o planeta."
 
Como o próprio Boaventura de Sousa Santos nos lembra em seu "Discurso sobre as Ciências na transição para uma ciência pós-moderna",
O determinismo mecanicista é o horizonte certo de uma forma de conhecimento que se pretende utilitário e funcional, reconhecido (...) pela capacidade de o dominar [o real] e transformar. 
 Faz-se necessária uma maior reflexão sobre qual é nosso papel como agentes e transformadores do ambiente, e, portanto, responsáveis pelas consequências. Não há como continuarmos agindo impensadamente, sem levar em consideração o futuro e mesmo as presentes implicações que causamos na natureza. Afinal, somos um todo integrado e não podemos existir em completa independência.

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